Rodrigo Strauss :: Blog
Minha opinião sobre open source e o governo
Eu sou um programador que trabalha com tecnologia Microsoft. Uso Visual C++, C#. VB, SQL Server, etc. Gosto bastante dos softwares da Microsoft e o método que eles usam para desenvolvê-los. Mas não sou um defensor ferrenho da Microsoft. Existem alguns produtos deles que são ruins, eles tomam decisões erradas e têm algumas posições políticas pouco recomendáveis.
Como todo programador C/C++, sou bastante interessado pelo Linux. Programo em PHP e estou aprendendo Qt/GTK e Mono. Acho muito interessante que ele seja desenvolvido por programadores voluntários, que seja livre e com o código aberto. Mas eu não me importo muito com a ideologia do Linux. Eu tento julgá-lo pela qualidade, e não pelo puritanismo de usar Linux só pelo fato de não ser proprietário ou coisas assim. As empresas gastam dinheiro para desenvolver produtos e vendê-los. E eles querem garantir o direito deles a essa invenção/criação/descoberta usando patentes e coisas assim. Isso é absolutamente normal. (O sistema de patentes norte-americano é ruim e anormal, mas não vou falar disso agora). O software pode ser livre, mas a grande maioria dos outros bens de consumo (considerando que software é um bem) não são.
Eu sou contra a preferência do governo por software livre. E sou absolutamente contra a existência de qualquer lei nesse sentido, porque isso acaba com a concorrência. O critério para escolha de software pelo poder público deve ser o mesmo critério que ele usa para qualquer coisa que compra: preço e qualidade, custo e benefício. Ele não deve se prender a uma determinada "origem", seja ela o pessoal do open source, a Microsoft, a IBM ou qualquer outra empresa.
Além disso, com essa lei, o governo somente deixará de comprar serviços de algumas empresas para comprar de outras. Por acaso a IBM ou RedHat são mais boazinhas do que a Microsoft só porque promovem o Linux? O custo da licença de um software é só uma fração do seu custo ao longo do tempo. Além disso temos o custo de suporte e atualização. Isso quer dizer que, ao invés do governo ficar amarrado com a Microsoft, ficará amarrado com a IBM, RedHat, Conectiva ou qualquer empresa que trabalhe com Linux. É correto privilegiar essas empresas e seus parceiros? Uma empresa que dá suporte (help desk) Linux não necessariamente contribui com a comunidade open source. Por que uma empresa dessas deve ter preferência em detrimento de uma empresa que dê suporte Windows?
Mas sim, hoje existe privilégio por parte da Microsoft. As pessoas estão tão acostumadas a usar softwares Microsoft que muitas vezes não param para estudar se existe um alternativa que seja viável. Isso sem contar o orçamento de marketing da Microsoft. Se deve existir uma lei sobre escolha de software, ela deve exigir que o governo faça um estudo de um numero mínimo de alternativas de software para aquele problema específico. Então o governo vai comprar sistemas operacionais? Ok, então que eles façam um estudo da viabilidade de usar Linux ou Windows, estudar o custo-benefício da solução. O Linux é mais barato, mas tem problemas de compatibilidade com hardware e software. O Windows tem compatibilidade 100%, mas tem um alto custo com licenças e te deixa preso com somente um fabricante.
Resumindo, o critério deve ser qualidade e custo-benefício. Querem que o Linux seja usado por todos? Façam com que ele tenha qualidade. Do resto o mercado se encarrega.
Em 21/09/2004 01:02, por Rodrigo Strauss





Cara, ao meu ver, o governo deveria contratar funcionários especializados em Linux de distros que não tem helpdesk comercial e torná-los técnicos dessa área.
Acho que o maior problema dessa migração de plataforma seria o usuário do governo, acostumado com a simplicidade (e falta de segurança, mas a maioria nem percebe isso) dos OS da Microsoft.
Mesmo assim, eu apóio a iniciativa opensource. Com progamadores dedicados a fazer um projeto sério para o governo, as possibilidades seriam muito maiores do que as conseguidas com o uso das plataformas Windows. E SEM DÚVIDA haveria um diminuição de custos, talvez a longo prazo, mas haveria.