Rodrigo Strauss :: Blog
Menos metodologia e mais escovadores de bit
Parece que a cada ano que passa mais as empresas se preocupam em implementar metodologias. Algumas são metódicas e adotam algo como RUP (sigla para Gerenciamento De Peão De Obra) sem mudar uma vírgula sobre o que está no manual. Mas a grande maioria mistura um monte de coisas e chama de "Metodologia de Desenvolvimento EmpresaX". A adoção de metodologias pode trazer muitos benefícios, mas o que muita gente não percebe é que uma metodologia de desenvolvimento não salva uma equipe com programadores inexperientes ou simplesmente incompetentes.
Não adianta nada ter um livro de 300 páginas com toda a especificação e documentação do sistema se os programadores não têm competência suficiente para implementar. A análise é importante, espero que ninguém entenda que estou dizendo o contrário. Mas um software com uma ótima análise e uma péssima implementação ainda é um péssimo software. O usuário não vê especificação (e muitas vezes nem a documentação), vê um software sendo executado. Se ele é lento ou dá pau, não adianta falar que seu analista funcional é pós graduado em sei-lá-onde. Você precisa de mais escovadores de bits, não de mais gente que passa o dia no Project e no Word.
Programadores bons custam caro. É claro, tudo que é bom custa caro. Economizar dinheiro na contratação de programadores é um erro que sempre (sempre mesmo) aparece no final do projeto. Já vi muitas empresas (muitas mesmo) que tentam melhorar a qualidade do software implantando mais metodologias e mais burocracias - inclusive, contratando mais gente para gerenciar isso. Todo programador com mais de 5 anos de experiência conhece as histórias de equipes inteiras pedindo demissão no prazo de um mês. Eu conheço umas 3 empresas onde esse ciclo de renovar mais de 80% da equipe é de dois anos. E uma grande equipe de analistas e gerentes não programadores é quase sempre um dos fatores que causa isso. Alguns dias atrás conversei com um amigo - excelente programador - que está mudando de emprego porque cansou de tentar explicar o que ele faz para um bando de gerentes que não entendem nada de programação (aos chatos de plantão: eu sei, existem bons gerentes não técnicos, mas essa é a exceção, não a regra).
Existem empresas que, quando a coisa começou a desandar, contrataram programadores experientes. Na esmagadora maioria das vezes os problemas são resolvidos e a carga de trabalho de todo mundo diminui. As diferentes visões dos programadores experientes ajudam a empresa a resolver os problemas de formas muito mais simples. E é muito melhor e recompensador trabalhar com gente experiente, das quais se pode aprender alguma coisa, do que rodeado de um monte de estagiários e novatos. É importante ter novatos e estagiários, mas eles devem ser minoria na equipe.
E o motivo disso não é só pela parte técnica. Programadores experientes são mais práticos e calmos sob pressão, afinal, enquanto um programador inexperiente (ou pior, um estagiário) diz que o mundo acabou, o programador experiente lembra de coisas básicas como "já reiniciaram o servidor?" ou "já verificou se localhost está apontando mesmo para máquina local?". Com o tempo você aprende a ignorar ao máximo a pressão e focar em fazer o seu trabalho e resolver o problema. Palavra de alguém que trabalhou vários anos no mercado financeiro...
Resumindo a fórmula nem-tão-mágica: as metodologias são boas e válidas, mas não substituem bons programadores. Contrate programadores bons e experientes e deixe que ELES decidam qual metodologia usar. Coloque um gerente técnico com eles, que saiba deixar a pressão longe para eles trabalharem em paz. Espere um tempo e veja software de qualidade começar a ser produzido.
Em 08/01/2008 20:10, por Rodrigo Strauss





Perfeito !!!.
Excelente post Rodrigo. Como um profissional de 15 anos de mercado concordo com TODAS as linhas do teu artigo, realmente é isso mesmo que acontece na grande maioria das empresas.
Parabéns !.
Um abraço.
Leandro.